Pesquisar este blog

domingo, 27 de setembro de 2015

           Felicidade

 Era uma noite fria de inverno, estava chovendo, todos estavam em suas camas dormindo, exceto eu, estava pensativa aquela noite, não conseguia dormir, só se ouvia meus passos pela casa, o barulho da chuva caindo, o tic-tac do relógio. Pensava, pensava e pensava, ia longe, estava pensando em como pude deixar minha vida chegar aquele ponto? Percebi que precisava tomar alguma atitude em relação a está solidão.
 Na manhã seguinte todos acordaram bem cedo como o de costume, deixei o café na mesa junto com um bilhete para cada.
 Para minha filha mais velha:
 “Silvana, isso não é um adeus e sim até breve, você já é uma mulher que trabalha, que ganhou a vida, sua mãe não está te abandonando e sim te ajudando a crescer.
 Comprei uma bela casa para você, ela fica em frente ao lago que íamos quando você era uma menininha, você sempre quis morar lá, conseguiu.
 Estou indo atrás de quem perdi uma vez e não quero perder de novo, deixei R$500,00 reais em uma bolsa preta em sua casa nova, sei que vai gastar com sabedoria.
 Te amo de sua mãe Charlotte.”
 Para minha mocinha:
“Maeve, você esta crescendo, sei que é nessa idade que as dúvidas vem a cabeça como uma explosão. Mas preste atenção, esta carta não é uma despedida e sim um reencontro, corra atrás de seus sonhos, não deixe que nada nem ninguém tire sua liberdade.
 Deixei esta casa para você, sei que saberá cuidar da casa, deixei R$1.000,00 para ti, daqui 2 meses você vai começar a trabalhar, consegui o emprego que você tanto queria, não se preocupe logo logo estarei de volta.
 Te amo de sua mãe Charlotte.”
 Para minha menininha:
“Victoria, você esta em uma fase de aprendizagem, criatividade, imaginação, sonhos, ideias, corra atrás, não deixe que tirem isso de você.
 Para você se lembrar de mim deixei esta carta e todas as minhas fotos, deixei R$900,00, guarde bem esse dinheiro gaste quando necessário.
 Fui atrás dos meus sonhos, faça o mesmo.
 Te amo de sua mãe Charlotte.”
 Como disse na carta que deixei para minhas filhas, fui atrás do que deixei escapar no passado, hoje estou sentindo muita saudades das minhas três joias raras.
 Estou chegando na metade do caminho, sei onde ele está, sei o quanto ele me procurou no passado, sei que hoje invertemos os papéis, dessa vez eu que vou atrás dele.
 Descobri o quanto eu o amo e o quanto eu o quero, contarei dês do começo.
“Era verão, eu tinha apenas 15 anos quando o conheci, estávamos passando as férias de verão no acampamento da escola, ele tinha 17.
 Resolvi dar um passeio nas montanhas, fui sozinha, adorei, era tudo verde e lindo, até que escorreguei e cai, era uma descida enorme, quando eu estava caindo lá estava ele, ele me ouviu gritar e quando olhou para trás eu acabei derrubando ele, estava toda suja, ele olhou pra mim e riu, perguntou se eu estava bem, disse que sim e que eu só bati com a cabeça, ele tirou a camisa e enfaixou meu braço, acabei cortando meu braço, perguntei o nome dele, era Vinicius, ele me ajudou a levantar, acabei torcendo o tornozelo.
 Fomos conversando até a enfermaria, ficou me esperando do lado de fora de fora, levei 7 pontos no braço, e tive que usar muletas, ele disse que ficaria comigo até eu melhorar. Tentei convencê-lo que não precisava e que logo eu ia ficar boa, mas não consegui.
 Começamos a nos tornar amigos, aos poucos eu o olhava com um olhar diferente, até que uma noite eu sai do meu alojamento, fiz uma fogueira, deitei no chão e fiquei olhando para o céu estrelado, comecei a cantar, cantei como me sentia, quando terminei de cantar ouvi palmas, era ele, Vinicius me observou cantando, no início fiquei envergonhado, ele aplaudiu disse que tenho talento, resolvemos improvisar, ele ficou me olhando, Vinicius me olhava e tentava disfarçar, até que quando paramos meu cabelo caiu no meu rosto, ele se aproximou colocou a mão em meu rosto e retirou o cabelo do meu olho, ficamos nos olhando, ele tentou se aproximar, ia ser meu primeiro beijo, ai ele beijou minha bochecha e disse:
- Amizade.
 Depois beijou minha testa:
- Respeito.
 Olhou em meus olhos e beijou meu nariz:
- Lealdade.
 Depois beijou meu queixo:
- Cumplicidade.
 Até que fechou os olhos e me beijou, meu coração disparou, minha pele gelou, no final do beijo Vinicius disse:
- Desejo, paixão, amor...
 Então comecei a abrir um sorrisinho, ele ficou vermelhinho, já eu fiquei mais vermelha do que uma pimenta, rimos e nos olhamos, disse a ele que foi meu primeiro beijo, ele riu e disse que foi o primeiro beijo dele também, depois desse dia começamos a namorar, ficamos 2 meses no acampamento, éramos grudados um no outro, nas provas e atividades fazíamos juntos, principalmente as caminhadas, íamos para as cachoeiras, andávamos entre as árvores, conversávamos, gostava bastante dele.
 Até que um dia aconteceu, a nossa primeira vez, foi mágico, foi na cachoeira, era noite o céu estava estrelado, me lembro como se fosse hoje, gostei, percebi que por mais que estivéssemos errados, ainda sim, nunca me arrependi. Assim que os dois meses de acampamento acabaram nos despedimos, pensei que nunca mais ia vê-lo. Até que se passaram 2 meses, íamos ter novos vizinhos, minha mãe pediu para que eu fosse lá e desse boas vindas e pediu para que eu me oferecesse para ajudar com a mudança, concordei, quando eu fui lá e dei boas vindas, perguntei se podia ajudar disseram que sim, fui no caminhão pegar uma caixa ela estava bem pesada, quase cai para trás, sorte que um rapaz me ajudou, quando vi era o Vinicius, fiquei muito feliz.
 Depois da mudança a mãe dele nos ofereceu um lanchinho, aceitei pois estava morrendo de fome, nós dois comemos, perguntei por que os pais dele resolveram morar aqui, ele me respondeu:
- Meu pais arranjaram um emprego aqui perto, e depois minha mãe e principalmente eu não queria que a distância nos separasse.
 Rimos, depois de 2 semanas aconteceu de novo, dessa vez eu tinha 16 e ele 18, acabei engravidando, contei pra ele, fiquei sem vê-lo por 1 semana, depois ele bateu em minha porta, ele vendou meus olhos e me levou até o carro dele, foram mais ou menos uns 15 minutos, ele me ajudou a descer do carro, andamos, demos poucos passos, paramos ai ele tirou a venda dos meus olhos, ele comprou uma casa e disse:
- Sei que somos jovens, mas temos novas responsabilidades, quero viver e morrer ao seu lado. Charlotte, quer se casar comigo?
 Coloquei a mão dele na minha barriga e disse que sim. Foi ai que os problemas começaram, quando Silvana nasceu as despesas só aumentavam, Vinicius fazia hora extra, chegava tarde, até que depois de uns 2 ou 3 anos engravidei da Maeve, então as coisas foram se complicando, até que ele passou a dormir menos, passar menos tempo em casa comigo e com as crianças, até que engravidei mais uma vez, o nome dela era Victoria, até que eu acordei de manhã e ele me deixou um bilhete dizendo:
‘ Charlotte, eu te amo e amo nossas filhas, mas eu preciso de um tempo, até conseguir dinheiro o suficiente para todos nós.’
 Me senti como uma péssima esposa, mas acabei pensando mais em minhas filhas do que em mim mesma, conforme o tempo as meninas foram crescendo, nos mudamos, começamos uma vida nova, a todo momento eu só me importava com minhas filhas, elas já estão grandinhas, sabem se cuidar sozinhas, não vou ficar longe por muito tempo.
 Conforme o tempo mandei uma carta para nossa antiga casa, para ver se o Vinicius estava lá, pela minha surpresa veio a resposta:
‘ Charlotte, estou aqui sozinho há muitos anos, só te esperando e esperando nossas filhas, tenho dinheiro e amor suficiente para todas vocês.’
 Fiquei contente com a carta.”
 Cheguei, e pela minha surpresa ele estava ajoelhado me esperando no mesmo ponto onde me pediu em casamento.
 Conversamos, ficamos 2 semanas na casa, voltamos a minha antiga casa, Maeve veio correndo e pulou no meu colo, Victoria pulou no colo do Vinicius e disse:
- Papai, senti tanto sua falta.
 Nos emocionamos, fomos até a casa nova da Silvana, ela ficou superfeliz e disse:
- Pensei que a casa do outro lado do lago estivesse abandonada, por isso que vocês me traziam quando pequena pra cá.
 Então Silvana ficou morando na casa do lago, e nós quatro na nossa primeira casa, a outra colocamos para alugar, assim ninguém iria precisar fazer hora extra.
 Estamos felizes, 10 anos depois, virei avó, Silvana teve trigêmeas, a Katani, Avery e a Isabel. Maeve teve gêmeas a Thalita e a Maria.



                            Escritora: Rafaela Arantes (Vampire Darkness)
                                
                                          Geozine

Nenhum comentário:

Postar um comentário